A Histeria Anti-China Faz o Orçamento Militar Estadounidence para 2021

Translated by Saulo R.

24 de Julho de 2020

Encobertos por uma “ameaça chiensa” imaginária, e negligenciando a sua própria população, Washington continua a dar cheques em branco para sua máquina de guerras e militariazação sem fim

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A histeria anti-China tornou-se a ameaça central, utilizada para justificar os gastos sem fim em suas forças armadas e em “aventurismos” na região da Ásia-Pacífico.

O relatório de gastos para 2021 do Depertamento de Defesa (estadounidense) se tornou disputa entre a ala mais professita dos demotras, procurando reduzir o atual financiamento sem fim das formças armadas, e uma coalisão bipartidária, liderada pelos republicanos,, que buscam aumentar o orçamento militar para “manterem-se competitivos” em relação aos seus “adversários histensivos” como a Rússia e a China.

No dia 21 de Julho, a Casa Branca passou a sua versão do Ano Fiscal de 2021 para o Ato de Segurança Nacional (National Defense Authorization Act), com um aumento em relação a 2020 estipulado em 658 a 740 bilhões. O Senado aprovou no dia 23 de Julho.

Uma proposta de emnda, levantada pelos deputados Mark Pocan (D-WI) [democrata de Wisconsin] e Pramila Jaypal (D-WA) [democrata de Washington] e pelo senador Bernie Sanders (I-VT)[independente de Vermont], pede uma modesta redução de 10% no orçamento militar para financiar programas sociais. Pocan e Jayapal pediram que o Congresso acabe com o seu costume de "carimbar um orçamento emitido do Pentágono" enquanto reduz os investimentos sociais. Só como uma referência: em 2019, os Estados Unidos gastaram mais dinheiro em suas forças armadas do que os nove seguintes países juntos.

A modesta emenda progressista foi rejeitada em ambas as câmaras pela força da sinofobia (preconceito contra chineses), pelo discurso fanático anti-China e por uma mentalidade de Nova Guerra Fria, que tem poder bipartidário em Washington.

O deputado Don Bacon (R-NE) [republicano de Nebraska] criticou a emenda, tuitando: "Rússia, China e Irã ficariam emocionados!" Da mesma forma, o deputado Steve Womack orgulhosamente anunciou seu voto favorável ao orçamento recorde de defesa, chamando-o de "investimento para combater adversários como a China".


[https://twitter.com/RepDonBacon/status/1285596161047502849?s=20]


Para outros, apenas carimbar outro orçamento militar massivo não foi suficiente para provar suas credenciais anti-chinesas. O deputado Michael Waltz (R-FL) [republicano da Flórida] aprovou uma emenda que reduziria o financiamento do Departamento de Defesa para universidades que abrigam Institutos Confúcio ou o Programa de Milhares de Talentos da China - iniciativas que Waltz afirma que “deram ao regime comunista da China a liberdade de tirar o máximo proveito da nossa abertura acadêmica e roubá-la. " Para não ficar atrás, o deputado Ken Buck (R-CO.) [republicano do Colorado] pediu para que o aplicativo de mídia social de propriedade chinesa TikTok fosse banido de dispositivos governamentais

O senador Mitt Romney lançou ataques semelhantes à emenda de Sanders no Senado. Ao passo que Sanders pedia aos colegas que “investissem em nosso povo aqui em casa”, enquanto lutam contra despejos, falta de moradia e desemprego exacerbados pela resposta ao COVID-19 do governo dos EUA, Romney falsamente afirmou que a China responde na mesma moeda aos gastos dos EUA em compras militares (a partir de 2019, as despesas militares anuais da China totalizaram US $ 178 bilhões, equanto a estadunidense totalizaram $ 658 bilhões). Ele pintou uma imagem sombria do futuro sob o suposto plano do Partido Comunista da China para dominar o mundo:

“Eles querem colocar um farol em nossas cabeças. Você consegue imaginar as consequências? De quando uma nação não acredita nos direitos humanos, com apenas um partido, quando eles tem uma força militar descomunal no mundo. É isso que estamos enfrentando.” - Senador Mitt Romney


É difícil ignorar a hipocrisia de gastos militares massivos contra a ameaça imaginada da China, enquanto os EUA enfrentam sua crise COVID-19 não resolvida, recusando oportunidades para apoiar testagens ou bolsas de emergência. Uma coalizão progressista que apóia a emenda, de  Pocan, Jayapal e Sanders, observou que, em 2019, o orçamento de 7 bilhões de dólares do Centro para Doenças era menos de um por cento do orçamento do Pentágono. Sob o disfarce da “ameaça chinesa”, o Congresso continua a dedicar fundos sem-fim a guerras e militarizações sem fim, enquanto negligencia seu próprio povo.


[https://twitter.com/CraigCaplan/status/1285641853937868800?s=20]


O programa de "contenção" da China, um arquétipo recorrente na estratégia militar dos EUA na Ásia há pelo menos meio século, mais uma vez desempenha um papel central na luta pelos orçamento militar de 2021. Uma lista de desejos orçamentários lançada recentemente pelo Comando Estadunidense para o Indo-Pacífico, intitulada "Regain the Vantage" [retomar a vantagem], visa solidificar a hegemonia militar dos EUA na Ásia e no Pacífico sob o pretexto de uma China "agressiva". A demanda imperialista de manter uma “vantagem assimétrica” contra a China está em oposição direta às lutas contra o militarismo dos EUA lideradas pelo povo de Ryukyu, de Okinawa, de Guam, do Havaí (onde os EUA planejam sediar os “jogos militares” internacionais [international war games] em agosto) e além - todas as terras em que o plano exigia a expansão de redes de mísseis, radares e ataques de precisão.

É difícil ignorar a hipocrisia de gastos militares massivos contra uma ameaça chinesa imaginária, enquanto os EUA enfrentam sua crise não resolvida do COVID-19.

O senador Jim Inhofe (R – OK) [republicano de Oklahoma] citou a estratégia para o Indo-Pacífica em sua justificativa para o enorme orçamento militar, chamando a região de "nossa prioridade, especialmente enquanto a China expande seu alcance e influência".

A narrativa inventada sobre a agressão e o expansionismo chinês - em contradição direta com a doutrina de política externa da China, de cooperação multilateral em direção a um "futuro compartilhado para a humanidade" - justificou a reorientação da estratégia militar dos EUA na última década. Em 2019, o Departamento de Defesa Estadunidense designou o Pacífico como seu "teatro prioritário" [priority theater]. No entanto, já em 2012, o presidente Barack Obama, e a secretária de Estado Hillary Clinton, haviam arregaçado suas mangas, transferindo a maioria do poder de fogo militar dos EUA para a região Ásia-Pacífico e procurando reduzir o papel da China nas organizações regionais de comércio e segurança por meio do chamado "pivô para a Ásia" [Pivot to Asia]. Essa longa história de formação militar em relação à China fala muito da estratégia da Nova Guerra Fria, que tem sido um esforço bipartidário. De fato, não só graças aos republicanos, que lideravam os esforços na Câmara contra a redução do orçamento militar, cuja votação falhou de forma retumbante, com  de 93 a 324, mas também graças aos 139 democratas se juntando a 185 republicanos na votação não ao corte de 10% no orçamento.

A crise do COVID-19 demonstrou mais uma vez as violentas contradições do neoliberalismo: a fragilidade do Estado de Bem-Estar Social é correspondida apenas pelo poder ostensivo dos aparatos repressivos do Estado: militares, polícia e prisões. Entregar um cheque de US $ 740 bilhões para as forças armadas, enquanto o povo estadunidense - desproporcionalmente as comunidades negras, indígenas e imigrantes - são devastadas pela COVID-19, revela a impossibilidade de justiça e equidade enquanto a prioridade da classe dominante esteja em guerra sem fim no exterior.


Entregar um cheque de US $ 740 bilhões para as forças armadas, enquanto o povo estadunidense - desproporcionalmente as comunidades negras, indígenas e imigrantes - são devastadas pela COVID-19, revela a impossibilidade de justiça e equidade enquanto a prioridade da classe dominante esteja em guerra sem fim no exterior.

A doutrina anti-China tornou-se a pedra angular da agenda militar dos EUA e provavelmente definirá sua estratégia geopolítica das próximas décadas. Nas quais a China se comprometeu com uma “ascensão pacífica”, forjada em compromissos com Terceiro Mundo, de não intervenção, autodeterminação e cooperação de ganho mútuo [win-win], articulada pela primeira vez em Bandung em 1955, os EUA se apegam a uma visão de soma zero da inevitável “concorrência das grandes potências."

O movimento anti-guerra e todos os chamados movimentos progressistas devem entender que resistir à escalada unilateral em direção ao conflito com a China é do interesse das lutas por um salário justo, moradia acessível, saúde pública universal, desfinanciar a polícia e o Pentágono, e outros esforços progressistas que deveriam ser apoiados por todo o mundo. Infelizmente, muitos da esquerda ocidental decidiram repetir a narrativa do Departamento de Estado sobre a "ameaça chinesa”, optando por "denunciar ambos os lados" e repetindo acriticamente as supostas aspirações chinesas por hegemonia. Aqueles que fazem isso apenas adicionam combustível ao fogo da sinofobia, da guerra sem fim, do chauvinismo e do oportunismo que acabam por minar seus compromissos supostamente progressivos.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos justificaram suas ocupações militares ao invocar vários inimigos. Desde a União Soviética até o Vietnã, da Coreia do Norte ao Talibã, vários espantalhos geopolíticas se mostraram valiosos como “bicho-papão” para justificar décadas de guerras por procuração, invasões, sanções e ocupações militares por todo o mundo. Agora, a máquina de guerra girou em direção à China, como a pedra angular de sua estratégia e narrativa militar.

Como ponto crucial de sua ocupação militar global, resistir à narrativa da “ameaça chinesa” é fundamental para todas as lutas pela paz e para o fim do imperialismo dos EUA.

O Coletivo Qiao (@qiaocollective) é um coletivo de escritores, artistas e ativistas da diáspora chinesa determinados a se opôr às agressões contra a China e o Sul Global. Inspirado pelas vivências dos comunistas terceiro-mundistas e do socialismo e internacionalismo chinês, buscamos proporcionar fontes críticas para equipar a esquerda contra a desinformação e a propaganta que abastecem a Nova Guerra Fria contra a China. Visite nosso site qiaocollective.com (eng.) para mais informações

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